Transcrição do episódio em Português
Mais um podcast Pratique Movimento começando.
Eu sou o Rodrigo Salulima. Dessa vez, a gente vai falar um pouquinho sobre
temas variados. "Walk the walk." Esse termo em inglês que quer dizer,
mais ou menos, caminhe seu próprio caminho. E eu vou partilhar com vocês
um pouco da minha caminhada, um pouco da minha jornada
e onde eu estou nesse momento na minha prática.
Boa noite para quem é de boa noite, bom dia para quem é de bom dia.
Não vou cantar o resto senão vou assustar todos vocês.
Dessa vez, eu vou falar um pouquinho sobre mim, sobre Rodrigo Salulima.
No primeiro episódio, eu falei sobre a minha história, como eu cheguei
até aqui. Dessa vez, vai ser mais aonde eu estou nessa caminhada,
quais são os meus pensamentos, minhas dúvidas, minhas reflexões,
meus sonhos e vontades do momento. A gente vai falar muito sobre
caminhar seu próprio caminho, "walk the walk", a gente vai falar um
pouquinho sobre lesões, vai responder algumas dúvidas de alunos, vai falar
sobre movimento, sobre vida e todas essas relações.
"Walk the walk." O que isso quer dizer? Eu já refleti sobre isso porque é um
termo, é um jargão em inglês que a gente não usa muito aqui.
Talvez botar a pele para jogo, trilhar seu próprio caminho, algo assim pode
ajudar a gente a ter alguma direção. Para mim, em termos da minha
caminhada como profissional, como ser humano, como pessoa
homo sapiens que quer evoluir, que quer passar por essa vida e não apenas
fazer peso na Terra, tem um significado muito grande.
Pois vivemos em mundo de falsos saberes, falsos no sentido de que, talvez,
o peso maior está em mostrar que sabe alguma coisa na internet,
em palestras, seja onde for, do que realmente estar vivendo aquela coisa.
Eu tenho um pouquinho daquela, aliás, todos temos um pouquinho da
síndrome do impostor. Eu acho que essa síndrome do impostor é saudável
até certo ponto. Se você for usá-la de um modo saudável, você sabe que
existe aquele pinguinho de dúvida lá no subconsciente do seu cérebro que
te faz pensar "Será que eu sou mesmo capaz de liderar uma comunidade,"
"de ser o gerente de uma empresa, de me jogar em um mestrado,"
"em um doutorado?" Então, essa dúvida, não é que ela seja ruim.
Ruim e bom é o que a gente faz com ela. Se a gente usar isso como
combustível para seguir em frente, para melhorar, para ir atrás dos
nossos sonhos, dos nossos desafios, então sim, a síndrome do impostor
pode ser algo positivo. Se for uma síndrome que paralisa a gente, aí sim vira
algo que vai ser deletério, vai ser ruim, vai causar malefícios para nosso ser,
para nossa vida. E digo mais, se trabalhar com o corpo já aumenta, e muito,
a necessidade de vivenciar o lado prático dos seus estudos, imagina
trabalhar com o corpo sob a perspectiva que a gente trabalha aqui na escola
Pratique Movimento, que é uma perspectiva nova, que é um modo como
a gente encara a fisicalidade, é um modo diferente, mais amplo,
mais complexo que integra diferentes inteligências, diferentes áreas de
conhecimento. É uma nova grande cultura física que está surgindo, está
surgindo nos últimos dez, quinze anos no máximo. Então, eu acredito que
daqui uns vinte, trinta anos, sendo bem otimista, talvez, ela já esteja
instalada na sociedade, na cabeça das pessoas. Vivenciar o lado prático é
quase que uma necessidade. É um pré-requisito quando a gente está falando
de prática de movimento. Talvez no futuro, não. Talvez quando já estiver em
idade mais avançada, eu não acredito que isso irá acontecer, mas pode ser
que alguns professores não consigam mais fazer os movimentos.
Os mesmos movimentos, com certeza não. Acho que, inclusive, é bom
a gente falar um pouquinho sobre isso aqui, que a gente precisa de uma
prática que a gente consiga envelhecer com ela. Eu já pensei muito sobre
isso, não tenho a pretensão, não tenho a ilusão de achar que eu vou
envelhecer fazendo os mesmos movimentos, tendo a mesma prática que eu
tenho hoje em dia. Mas penso que a prática vai evoluir comigo. Por isso que
eu costumo dizer aqui que a nossa prática tem longevidade. Nossa prática
traz sustentabilidade para o corpo. A gente vai envelhecer, nosso corpo vai
mudar, nossa cabeça vai mudar, nossas necessidades vão mudar e a nossa
prática vai mudar junto. A modularidade, a capacidade de adaptação da
prática de movimento no contexto que a gente pratica aqui na escola,
um dos grandes ouros é essa capacidade de adaptação. A gente se adapta
ao que vier. Mas se somos jovens, somos saudáveis, temos o nível de
energia alto, vontade, tempo, por que não praticar obcecadamente se é isso
que você quer da vida. Não é para todos, é muito importante dizer isso aqui,
não é para todos, não deveria, nada deveria ser para todos, a gente precisa
ter muita clareza do caminho que a gente quer, mas algumas pessoas não
querem ser apenas praticantes, elas querem ser professores, profissionais,
ou, às vezes, as pessoas não querem ser apenas praticantes leves de três,
quatro, cinco vezes na semana, querem ser praticantes mais radicais,
mais intensos. Tudo bem, faça as suas escolhas mas viva a prática. Estude,
busque a teoria, é muito importante, a gente vai falar um pouquinho sobre
teoria aqui. Mas viva a prática. Às vezes, as pessoas me perguntam
"Eu penso em trabalhar com movimento, eu quero dar aulas de movimento,"
"você tem algum conselho para mim?" Tenho. Pratica, pratica, pratica
e pensa sobre o que você está praticando, escreve, volta, pratica algo novo,
volta a praticar algo velho e assim a gente vai engrossando a nossa
enciclopédia de movimento. Tem algo que eu acho muito interessante sobre
teoria e prática, que o lado prático do movimento nos ajuda a entender
a teoria. Com certeza, o inverso é verdadeiro também. Mas, por exemplo, se
eu estiver caminhando na rua e algo acontece, eu tomo um susto,
um barulho grande de carro batendo em outro. Meu corpo vai ter uma
reação. Na hora, eu não vou pensar sobre o que está acontecendo. A gente
não consegue analisar em tempo real o que está acontecendo. Mas, assim
que o evento acaba de ocorrer, eu penso "Caramba, meu ombro subiu."
Por que meu ombro subiu? Talvez seja um mecanismo de proteção para
proteger o crânio, nossa parte mais importante do corpo. Meu batimento
cardíaco acelerou. Por que meu batimento cardíaco acelerou? Luta, fuga
ou paralisação, que são as três respostas a eventos estressantes de nós,
os seres vivos. E aí a gente consegue analisar isso restrospectivamente
e a gente pensa "Aumentou o fluxo sanguíneo, acelerou meu batimento,"
"aconteceu isso com meus vasos sanguíneos, meus músculos ficaram mais"
"irrigados, preparados para agir." E a gente sente isso na hora e fica mais fácil
ilustrar algo que talvez você tenha só lido na teoria. E essa jornada para
trilhar seu próprio caminho? Ela deve ser feita solitariamente por você ou
você deve pedir ajuda? Eu, na minha história, o que eu acredito é que a gente
deve, sim, procurar bons professores. Eu acredito em mentorias, eu acredito
em mentores, eu acredito em inspirar, em pedir ajuda, em pessoas que já
prepararam o terreno, que já caminharam um pouquinho e que vão me ajudar
a ser guiado por essa trilha. Teve um professor meu que disse uma vez
"Se você não encontra um bom mentor, pague por ele. Mas arrume um bom"
"mentor." Os mentores preparam o terreno. Eu acho que, inclusive, a Pratique
Movimento, hoje em dia, está preparando o terreno para outras escolas
de movimento no Brasil e no mundo trilharem um caminho parecido. Eu
espero poder, no futuro, ajudar pessoas que eu conecte, que eu me conecte
com o trabalho, com as missões, com os valores e ajude essas pessoas,
essas escolas, essas outras empresas a trilharem o caminho delas. Então, a
minha opinião é que precisamos sim de bons professores. Isso não quer
dizer que a gente não possa se desenvolver como autodidatas. Conheço
pessoas na indústria, na cultura do movimento que são exemplos de
autodidatas para mim, que estão buscando a informação, buscando
a informação garimpando mesmo, acho que é um verbo que a gente pode
aplicar melhor. Porque está disponível, tem muita informação, só que ela
está escondida sob rocha, sob pedras, sob lama, sob outras superfícies.
Então, essas pessoas estão garimpando. Eu garimpei demais e continuo
garimpando, sim, mas hoje em dia eu estou tentando potencializar cada vez
mais o meu processo e aprender a aprender melhor. E contratar, ir em busca,
conversar com quem sabe mais de uma área específica. Eu penso que uma
das minhas maiores qualidades, um dos meus maiores sinais de inteligência,
porque cada um tem as suas inteligências. Falar que alguém é inteligente,
não é inteligente... Inteligente em que? Não inteligente em que? Cada um tem
as suas inteligências. Eu penso que uma das minhas maiores inteligências é
reconhecer inteligências alheias, é reconhecer no outro inteligências que
podem me ajudar na minha própria caminhada. Então, quando eu encontro
um bom professor, eu quero ficar perto, eu quero aprender e não importa
muito o que ele está ensinando. Se faz sentido para mim, se aquela pessoa
me inspira, às vezes eu quero aprender a falar como ela, às vezes eu quero
aprender a me expressar, a usar palavras, a encontrar sinônimos.
Recentemente, eu encontrei uma professora, Luciana Martuchelli, que treina
artistas, comunicadores e ela fala de um jeito que é encantador e me dá
vontade de aprender com ela, me dá vontade de ser um pouquinho como ela.
Eu acho que no início da caminhada, quando a gente é mais inseguro,
as pessoas têm medo de copiar os professores, têm medo de copiar demais
e perder a sua própria identidade. Eu perdi esse medo há muito tempo atrás.
Eu já tive esse medo, sim, eu já tive esse medo de "Mas será que eu estou"
"sendo só um cópia dessa pessoa? Será que eu estou querendo dançar"
"desse jeito porque eu aprendi com a minha professora que é desse jeito"
"que se dança? E se eu me tornar essa pessoa e esquecer quem é o"
"Rodrigo?" Eu acho que isso é impossível porque a gente bebe daquele
conhecimento, ele entra na gente, vira a gente e o Rodrigo não vai deixar de
ser o Rodrigo, então a gente nunca vai se tornar o outro. A gente não precisa
ter um medo de perder a nossa própria identidade. A gente simplesmente vai
somando, vai acrescentando abundância, a gente vai absorvendo
inteligências, conhecimentos e abilidades das pessoas que a gente encontra
pelo caminho. Eu vou falando com vocês e as ideias vão surgindo na minha
cabeça, então vou botando elas para fora. Ao mesmo tempo, sair em busca
de bons professores não pode se tornar algo ruim. É sempre um balanço
muito fino entre a gente virar um caçador compulsivo de workshops e
de experiências. Vejo muito isso na minha área mas suspeito que em todas
as áreas de conhecimento isso ocorre. Às vezes, a gente quer fazer todo final
de semana um workshop diferente, uma oficina diferente, um curso diferente,
contratar um professor particular, achando que eles vão ser a salvação,
achando que eles vão dar a pílula secreta do sucesso, o que quer que
sucesso signifique para você. Gente, não existe pílula secreta. Existe trabalho
duro, existe a gente se esforçar, mastigar, estudar, refletir, esquecer aquilo ali
por um tempo, ir para outras atividades, voltar naquela atividade inicial mas
em outro patamar de entendimento com outras experiências na bagagem.
Então, acho que essa ilusão de procurar experiências é mais um vício da
nossa sociedade que está viciada em liberação de dopamina,
o neurotransmissor do sistema de recompensa. A gente está o tempo inteiro
buscando recompensas, o tempo inteiro a gente quer rolar a câmera do
Instagram esperando chegar aquela notícia que vai mudar a sua vida.
A gente quer achar aquela vaga no supermercado bem pertinho, especial
para a gente. Quando a gente acha essa vaga, automaticamente, o cérebro
manda um fluxo de dopamina para o nosso corpo e a gente se sente bem
com aquilo. Então, a gente precisa, até às vezes, se desintoxicar um
pouquinho dessa necessidade da dopamina. E escolher diferentes
atividades, pular de galho em galho, pode significar sim, se não for com
clareza, se não partir de um lugar de escolha, de discernimento, um vício
nessa sensação do novo. Pode ser algo que libera essa dopamina, que deixa
nosso corpo dependente disso. Mas se for de um lugar de clareza... Agora
nesse momento, eu estou precisando me desenvolver no pilar expressivo
e eu conheci um professor aqui de Brasília que dá aulas de dança, eu sei que
é um bom professor, eu sei que ele consegue passar o seu conhecimento de
uma forma interessante, eu vou em busca dele. Conheci recentemente o
Henrique Bianchini, em São Paulo, que dá aula de danças urbanas. Nunca foi
um interesse meu, danças urbanas, mas o modo como ele passa o
conhecimento, o tanto que eu tenho para aprender com ele sobre o pré
dança, eu fico pensando assim. Ele ensina muito sobre aquela camada
anterior a dança também e, aqui, a gente ensina muito sobre aquela camada
anterior ao movimento. Talvez, esse foi um dos motivos que eu me encantei
com ele. Sem contar que é um ótimo professor, um exemplo para mim de
como passar esse conhecimento para frente. Então, resumindo, acho que a
lição que fica é pular de galho em galho, com clareza de qual galho você vai
agarrar, pode sim ser algo positivo. Eu lembro que eu tive alguns amigos
meus que até faziam um pouco de piada comigo, desde a minha
adolescência, perguntando "E aí, qual que é a do momento? O que você está"
"fazendo agora?" Porque eu vivia buscando uma coisa nova, talvez nem com
tanta clareza como hoje em dia. Mas eu aprendi e, felizmente, eu achei uma
prática e uma área de estudo que me dá essa possibilidade porque como o
movimento abarca todas as esferas do movimento humano e não humano
também, o mundo animal, por que não, eu posso ter diferentes interesses ao
longo do ano e esses interesses não estão ali soltos, eles não estão
desconectados, eles estão conectados com um núcleo só. Eles estão
conectados com essa prática de movimento que vai focar na essência, nos
princípios, nos pontos em conexão dessas diferentes modalidades e
disciplinas e aspectos. Mudando um pouquinho de assunto e de posição
porque eu não aguento mais ficar sentado, eu queria falar sobre isso, sobre a
necessidade de trabalhar, de fazer diferentes atividades do seu dia a dia, em
diferentes posições. E isso tem muito a ver com lesão, que é um grande
tópico, eu quero falar um pouquinho sobre esse tópico aqui com vocês hoje.
Para quem está ouvindo, não viu eu mudar de posição. No YouTube, a gente
tem as imagens. Inclusive, tem o podcast com o professor André Lima,
o Deco, aqui da escola Pratique Movimento. A gente fez a parte um e a parte
dois. Na parte dois, como eu já estava há muito tempo sentado, se vocês
quiserem ver o vídeo pelo YouTube, vocês vão ver o tanto que eu mudei de
posição. Não consigo e não acho que seja saudável a gente passar muito
tempo na mesma posição. Isso é um princípio, inclusive, de Moshé
Feldenkrais. Ele disse que a gente deve fazer atividades do dia a dia,
atividades do cotidiano em diferentes posições. Desde o início eu estimulo
meus alunos a fazerem isso quando eles entram aqui. Desde o inicio eu
estimulo meus alunos a fazerem isso quando eles iniciam a jornada aqui na
escola. Por exemplo, vai trabalhar com seu laptop em casa, fazer algo rápido,
responder email, bota ele no chão, senta no chão com as pernas abertas.
Está muito tempo sentado de perninha cruzada, fica ajoelhado. Essa flexão
total dos joelhos, essa compressão, às vezes as pessoas dizem que não é
saudável porque machuca. Não, não é que a posição machuca, é por não
passar mais horas do seu dia nessa posição, o corpo começou a ficar fraco
nela. Então, a lógica é inversa. Por não fazer essas posições, elas começam
a te machucar. Se você fizesse mais dessas posições, você teria um corpo
mais saudável. E lesão, hoje em dia, virou um campo de estudo por si só.
Nós temos congressos e formações sobre dor. Dor é uma palavra que traz
muita coisa com ela. Dor e existência são inseparáveis. Quando a gente
nasce, a gente nasce em um momento de dor. A mãe está sentindo muita
dor. Provavelmente, o bebê também. Porém, entre dor e não dor, existem
infinitos níveis. Nós não temos receptores para dor no nosso corpo. Nós
temos receptores para sensações. E, às vezes, é muito comum a gente
começar a tratar qualquer sensação como dor por falta de vocabulário.
A gente sabe que as palavras são insuficientes muitas vezes para refletir
algo da nossa existência, algo do mundo real, algo do mundo natural, do
mundo que a gente vive. A prática de movimento, inclusive, eu vejo que a
gente é obrigado a criar palavras para fazer analogias, a usar palavras...
usar estrangeirismos, palavras de outros países para ajudar a tentar a
expressar e exemplificar coisas que não são tão palpáveis, coisas que a
gente só sente. Então, dor e lesão não é algo que a gente deve fugir. Fugir de
lesão é igual fugir de dor de barriga. A gente acha que nunca vai ter, acha
que nunca vai chegar, mas um dia ela vai chegar. Então, tudo bem. Não tem
como evitar dor e lesão. Mas isso quer dizer que a gente tem que deixar o
destino cuidar e apenas observar o tempo deteriorando o nosso corpo e
aumentando a chance e a gravidade dessas lesões? Não. Hoje em dia, a
gente já tem conhecimento suficiente para poder minimizar e aumentar a
longevidade do nosso corpo. A gente deve e pode construir um sistema mais
resiliente, ou até melhor, usando a palavra criada por Nicholas Nassim Taleb,
um sistema antifrágil. Ele diz que o contrário de fraco não é forte, o contrário
de fraco é antifrágil. Ele diz que o contrário de frágil não é forte, o contrário
de frágil é antifrágil. Porque o frágil responde exageradamente a estímulos
negativos e ele se deteriora muito fácil, ele perde propriedades, ele se torna
cada vez mais fraco com esses estímulos, com esses estímulos caóticos.
O antifrágil não. São coisas que se beneficiam com o caos, com essa
imprevisibilidade. Ser jogado dentro de uma máquina de lavar louça, ser
jogado de um lado para o outro, bater e sair de lá ainda mais forte. Assim é o
nosso corpo. A gente tende a achar que ele vai responder negativamente a
alguns certos estímulos, a sair dos chamados movimentos dentro do padrão.
O corpo não sabe o que é um movimento dentro do padrão. O corpo é
orgânico, é livre. E se a gente acertar a dose, os intervalos de descanso,
como a gente vai aumentando essa intensidade, esse volume, a gente pode
se beneficiar com esse caos. A gente pode deixar o nosso sistema mais
antifrágil. E esse conceito permeia muito o modo como a gente encara o
treinamento físico aqui na nossa escola, o treinamento de força. A gente
trabalha, sim, dentro dos princípios básicos do treinamento de força, força de
potência, força de resistência, a gente trabalha mobilidade. Mas a gente tem
uma grande área aqui que a gente chama de preventivos, são os famosos
preventivos de lesão. A gente está prevenindo coisas... A gente está
prevenindo movimentos, ações, ângulos que podem causar alguma lesão no
futuro. Como que a gente faz isso? Talvez até chegando perto desses
ângulos, desses movimentos. E como que a gente faz isso? Como que a
gente previne essas lesões? Não precisa inventar muita moda. A gente
trabalhar nossos grupos musculares, a gente se jogar em ambientes lúdicos,
a gente usar o nosso corpo, muitas das vezes já é o suficiente. Nosso corpo
é um sistema inteligente. Ele é um sistema que está sempre se movendo em
direção a cura, em direção a eficiência. Então, se a gente der os estímulos
corretos, o tempo necessário de recuperação, ele vai se tornar mais
antifrágil, ele vai se tornar mais forte, mais resiliente. Mas além de trabalhar
com o básico do treinamento de força, exercícios, principalmente
multiarticulares, e agachamentos e etc, a gente também trabalha com alguns
exercícios do mundo da fisioterapia que são usados, às vezes, para recuperar
de alguma cirurgia ou de alguma lesão específica. Só que a gente trabalha
antes da gente se machucar. Às vezes, a gente usa vários exercícios do
mundo da fisioterapia como forma de prevenção a possíveis lesões. Então, a
gente utiliza os princípios da sobrecarga assim como se a gente estivesse
fazendo uma barra de braço, assim como se a gente estivesse fazendo um
agachamento com a barra no rack, um levantamento terra. A gente vai ao
longo do tempo aumentando a carga gradativamente e fortalecendo esses
músculos acessórios, esses estabilizadores do corpo. Eu acho que tem um
dito popular que exemplifica muito bem o que a gente faz aqui, que é
"Ninguém pode dar um tiro de canhão de cima de uma canoa." O que isso
quer dizer? A canoa é a estrutura, é o seu corpo. O canhão pode ser qualquer
parte do seu corpo que você vai utilizar em alguma tarefa específica. Vamos
dizer que o canhão é o seu braço e você vai jogar tênis, vai dar um saque,
onde a gente incide muita força ali. Se a gente tiver uma força de um canhão
no braço mas a estrutura de uma canoa, a canoa não vai aguentar aquele tiro
e alguma parte, o elo mais fraco, vai se romper. Pode ser o ombro,
o cotovelo, o punho nesse caso específico. Então a gente fortalece bastante
os estabilizadores do corpo, os freios, o sistema de freio do corpo,
os músculos acessórios, esse também é um nome que a gente usa muito
aqui, exercícios complementares, exercícios acessórios. Então, após uma
bela sessão de movimento, às vezes duas, três horas, a gente vai ao final
fazer um pouquinho desses exercícios acessórios, desses preventivos.
De novo, é bom reforçar, não precisa inventar muita moda. Se a gente estiver
fazendo os exercícios principais, já muito bem estudados pelo treinamento
físico, provavelmente, o seu corpo já vai se adaptar positivamente para viver
uma vida ativa, uma vida esportiva que você realmente consiga se jogar em
diferentes cenários e brincar. Mas, em alguns momentos específicos, a gente
precisa farejar um pouquinho as fraquezas, farejar aquela lesão que está
prestes a acontecer. Ter essa sensibilidade, isso é algo que eu vejo que os
os alunos aqui aprendem cada vez mais e eu aprendo muito, ter aquela
sensibilidade de perceber "Caramba, eu estou na quinta semana de um ciclo"
"de seis semanas, que é como a gente divide nossos treinos aqui, e nessa"
"quinta semana eu estou sentindo que meu cotovelo está começando a dar"
"sinais de inflamação. O que eu posso fazer?" Eu posso diminuir um
pouquinho o volume dessas atividades que estão estressando o meu
cotovelo e eu posso aumentar um pouquinho o volume desses músculos
acessórios, desses exercícios complementares, desses exercícios
preventivos e assim ter mais longevidade e diminuir a chance de uma
possível lesão. Não é incomum a gente receber diversos agradecimentos
aqui de alunos que se livraram de alguma cirurgia que, às vezes, já estava até
marcada ou, às vezes, imagina quantas cirurgias que não foram nem
marcadas, quantos agradecimentos deixaram de ser feitos por cirurgias que
não aconteceram. Pois eu tenho certeza que muitas pessoas aqui estavam
caminhando para problemas crônicos, que chegaram aqui com uma pequena
dor na lombar, uma pequena dor no ombro e essa dor foi sumindo. Não que
a gente trabalhou diretamente com aquela lesão, mas só de ter embarcado
em uma prática física, complexa, diversa que traz essa diversidade mesmo...
Eu disse em algum dos podcasts aqui que a gente já fez uma frase do
Josef Frucek, "Diversidade traz imunidade." Então é nesse sentido que por
ter uma prática diversa, a gente deixa o nosso corpo mais imune às
possíveis intempéries do planeta, do planeta no sentido do mundo,
do mundo que a gente vive, às possíveis intempéries da nossa sociedade,
dos ambientes que a gente vai participar, das tarefas que a gente vai fazer,
das atividades que a gente vai arriscar. Lesão é um campo muito grande,
como eu já disse, a gente poderia fazer um episódio inteiro só disso, mas eu
não queria ficar monotemático aqui, então queria apenas dizer que eu passei
por várias, não gosto nem de chamar de grande lesões, eu acho que teve
gente que já passou por coisas muito piores, mais complexas de lidar, mas
eu já tive as minhas grandes inflamações, rompimentos de ligamento e eu
sempre, desde sempre, tratei com movimento. Eu acredito na cura pelo
movimento. Eu acho que o corpo é muito inteligente, está sempre se
movendo em direção a cura como eu já disse aqui. Por exemplo, um
cachorro quando machuca a sua patinha, ele não engessa ela e fica sem
utilizá-la. Ele, ao longo do tempo, começa... Primeiro ele levanta a pata,
depois, antes de tocar ela no chão, ele já começa a utilizar a articulação
coxofemoral e mexer. Depois, ele começa a incidir uma pequena carga no
chão e vai botando mais, mais e mais até que ele volte a sua marcha normal.
Ou seja, ele precisa mostrar para o corpo que ele vai continuar usando
aquela pata. Então, é muito importante a gente dar esse recado. Talvez, a
gente não consiga trabalhar diretamente naquela lesão na parte onde está
machucada, mas a gente consegue trabalhar ao redor da lesão, a gente
consegue trabalhar ali pertinho. Eu gosto de dizer que a gente deve dar um
beijinho na dor. Dar um beijinho na dor mas não enfiar o dedo na ferida. O que
isso quer dizer? Que, às vezes, a gente machucou o ombro e a gente vai fazer
algum movimento que precisa fazer uma elevação de ombro acima da linha
da cabeça. Se você talvez passar do ponto, você vai sentir uma dor fina, uma
dor aguda, às vezes, você vai estar impedindo o corpo... E você, talvez,
sentindo essa dor fina, essa dor aguda, você pode estar impedindo o corpo
de se desinflamar, você vai estar reinflamando aquele local ali. Então, você
não enfia esse dedo na ferida mas você vai levantar a mão até quase chegar
nesse ponto de dor. Você vai chegar na fronteira, naquela linha, vai dar um
beijinho na dor e vai voltar. Às vezes, você vai trabalhar ao redor da lesão, vai
fazer outros movimentos de ombro ou da articulação que está subsequente
a ele, o cotovelo, ou, às vezes, o pescoço que também está muito ligado ao
ombro e vai trabalhar essa musculatura ao redor para que aquela área
lesionada receba estímulos e o corpo entenda "Opa, esse cara, essa mulher,"
"eles não vão parar, eles vão continuar se movendo. Então, deixa eu acelerar"
"meu processo de recuperação aqui, deixa eu anabolizar essa área, deixa eu"
"criar novas conexões, deixa o vaso dilatar, deixa eu remover essa"
"inflamação que está presa, deixa eu mandar mais nutrientes para o local."
E aí, como eu já disse, o corpo mesmo vai em direção a cura. Para fechar
esse nosso papo de lesão, antes da gente pular para outros assuntos, eu
acho que a gente tem que tomar um pouquinho de cuidado com as rotinas.
Quando a gente tem uma rotina pré-estabelecida e a gente faz somente ela,
veja que eu disse somente ela, porque o problema não é as rotinas,
inclusive eu respeito muito pessoas que tem uma rotina de movimento e
levam ela para o resto da vida, mas, talvez, se a gente fizer só elas a gente
perde um pouco da sensibilidade. O corpo já vai estar totalmente adaptado
àquela rotina. Então, nossas anteninhas, nossos sensores mesmo não vão
estar tão abertos para perceber se tem alguma coisa de errado porque
naqueles movimentos específicos você já está ultra treinado. Isso, talvez,
tenha virado uma doença em algumas áreas, algumas esferas do
movimento, de pessoas que até dizem que trabalham com movimento mas
eles não trabalham com movimento, eles trabalham com uma pequena parte
do que significa movimento. Talvez essa parte de prevenção de lesão ou de
recuperação de grandes amplitudes e, às vezes, as pessoas dedicam uma
hora, uma hora e meia, duas horas do seu dia a ficar fazendo aqueles
exercícios acessórios e tentando ganhar um ângulo a mais de rotação
externa do quadril por exemplo. Mas eles não estão usando essa rotação
externa para nada. Aqui é o contrário, a gente usa bastante, a gente se joga
no caos. Caos é uma palavra muito importante. De tempos e tempos e,
se possível, no dia a dia, é o que a gente tenta fazer aqui como praticante de
movimento, a gente se joga em ambientes imprevisíveis e caóticos.
Às vezes, a gente usa o caos com uma conotação negativa mas caos é vida,
caos é reorganização e o corpo precisa desses estímulos caóticos para se
manter jovem, para se manter ativo, para estar sempre criando novas
conexões. Então, cuidado com as rotinas. Se você está há muito tempo
fazendo a mesma coisa, talvez é até o seu ego que está te mantendo ali
"Nessa rotina aqui eu sou bom, agora eu cheguei nessa rotina level 32 da
prática X." Mas e aí? Ela vai te levar aonde? E você está usando o seu corpo
para, realmente, atividades utilitárias ou funcionais ou expressivas? E aqui,
funcionais eu digo no sentido de dar alguma função, não no sentido do
treinamento funcional que virou uma outra indústria hoje em dia que talvez
até um pouco confusa em termos de terminologia, de qual produto está
oferecendo. Conheço muita gente séria, conheço muita gente boa, mas
conheço pessoas confusas assim como tem em qualquer área, na área do
movimento, na área da dança. A gente está aqui para tentar clarear essas
coisas. E de lesão, a gente pode partir para um tema comum, um tema
irmão, que é o funcionamento das estruturas do corpo e o quanto disso
importa para um professor de movimento ou para um praticante de
movimento que tem a sua vida, que tem o seu outro emprego, que é o caso
da maioria dos nossos ouvintes aqui que são alunos da Pratique Movimento.
Eu acho o seguinte. Se você é professor, se você quer trabalhar com isso, eu
vou ser bem claro. Para tudo que você está fazendo e vai comer os livros. Vai
devorar palestras, vai devorar artigos, vai pagar cursos, vai pagar workshops,
vai fazer a suas próprias anotações e vai começar a sua pesquisa, porque é
muito importante que vocês tenham um conhecimento extremamente
apurado, amplo, diverso e complexo dos funcionamentos das estruturas do
corpo. Dito isso, cuidado, porque eu vejo que, principalmente aqui no Brasil,
isso virou um complexo de vira-latas. Eu vejo muita gente boa na internet que
está falando coisas certas, está falando coisas importantes para o grande
público, mas está usando termos extremamente difíceis e inalcançáveis,
jargões internos, está querendo se mostrar, talvez, botar como se fosse mais
inteligente do que é realmente é e várias vezes não precisa, várias vezes eu
falo "Caramba, essa pessoa já chegou lá, ela já tem muita coisa interessante"
"para dizer, porque ela está escolhendo esses termos ao invés de criar"
"analogias mais palpáveis que se aproximem um pouquinho melhor da"
"realidade, do público." Então, não é que a gente não deva usar as palavras
corretas da nomenclatura, do estudo científico e não é que a gente não
esteja confiando na inteligência do nosso público externo. A gente deve, sim,
educar, mas, às vezes, para educar a gente precisa de simplicidade e não de
querer parecer ser algo a mais, esse complexo de vira-latas que a gente usa
palavras muito mais complexas e difíceis do que realmente poderiam ser.
Então, eu tento sempre usar analogias, eu tento sempre exemplificar com,
às vezes, com sonoplastia, com gestos, com músicas. Impressionante isso,
mas como a música faz parte do estudo do movimento. Eu vivo dizendo para
meus alunos que todo movimento tem uma musicalidade. Mas esse papo de
musicalidade para o movimento a gente deixa para um outro episódio, para
uma outra oportunidade de conversa. E eu perguntei "E entender o"
funcionamento da estrutura do corpo para os profissionais da área e para o
público comum?" Para os profissionais eu já respondi, e para o público
comum? Até que ponto vocês devem saber sobre as estruturas, entender os
nomes, saber o que é um abdução de quadril, uma rotação externa do ombro,
uma flexão de tronco? Bom, até quando vocês quiserem seria a resposta
mais honesta. Se é a sua área de interesse, se você gosta, vai nessa porque
as pessoas que são mais interessantes que eu conheço hoje em dia, elas se
apaixonaram por uma área e foram atrás e, às vezes, a vida se moldou por
causa disso, por causa dessa paixão. Então, se você gosta, vai nessa. Se
você não gosta, mas gosta de praticar movimento, que tal fazer um
pouquinho de esforço? Nada demais, nada muito pesado. Mas entender,
perguntar para os seus professores na sua prática "Qual o nome desse"
"músculo? Por que você fala rotação externa, rotação interna e não jogar o"
"ombro para fora, para dentro?" Eu vou até responder essa pergunta. Por que
a gente de vez em quando usa a terminologia da anatomia, da biomecânica,
da cinesiologia em alguns casos? A gente usa para poder definir e assim
refinar os conhecimentos, para poder transmitir o conhecimento de uma
forma mais limpa, de uma forma melhor, de uma forma mais clara e,
também, para que os alunos aprendam. A gente usa termos aqui como
contralateral e ipsilateral. Às vezes, os alunos perguntam "Mas por que você"
não usa mão e pé opostos?" Porque, muitas vezes, o contralateral e o
ipsilateral não estão se relacionando apenas com os membros opostos que
vão estar no chão mas com as forças que vão incidir sobre o seu tronco . E a
gente começar a refinar esse tipo de conhecimento é confiar nos nossos
alunos, é confiar em vocês. Então, a gente não está buscando pessoas aqui
que estão terceirizando o seu corpo para um professor, que é o que acontece
muitas vezes e não estou dizendo que isso... Não, não estou recriminando as
pessoas que vão buscar um personal só para bater um papo, só para falar
dos seus problemas. Se é isso que a pessoa está precisando e ela quer, ela
tem clareza sobre isso, ótimo, porque hoje em dia o aspecto social é um
aspecto que a gente tem que pensar bastante. Mas, aqui, a gente está
querendo atrair pessoas que estão pensando de um modo diferente sobre
movimento também, pessoas que vão contribuir no futuro para o estudo do
movimento também, pessoas que vão educar os outros, seja professor em
um contexto estrito, estritamente falando professor, dando aula, ou seja
professor na sua casa, no seu final de semana, para a sua vó, para a sua
filha, para o seu filho, para seu amigo no parque. Outro dia, um aluno estava
treinando aqui, dois alunos estavam treinando aqui na praça aqui em Brasília,
apareceu um jovem de 18 anos e perguntou assim "Quais são os princípios"
"biomecânicos envolvidos nesse movimento?" Aí o Kelvin, esse aluno meu,
falou "Cara, isso eu não sei te responder mas faz um pouco aqui com a"
"gente." E aí eles fizeram uma sessão de movimento inteira juntos ali. Mas
olha que legal, olha que legal, o tipo de pessoa que foi atraída por esses
movimentos, o tipo de pergunta que ele fez e o tipo de resposta que esse
meu aluno deu. E aí, provavelmente, esse aluno que chegou lá curioso com
uma boa pergunta, talvez até um pouco contaminada pela nossa indústria...
Às vezes, os alunos novos chegam aqui e perguntam, virou piada aqui na
escola Pratique Movimento, "Mas esse movimento aqui vai trabalhar o que"
"professor?" Trabalhar o bíceps, trabalhar o tríceps, trabalhar o... A gente não
fala sobre isso. Simplesmente, todas essas partes estão sendo trabalhadas
de um modo mais global, de um modo mais integrado. O corpo não sabe o
que é um bíceps. Nós temos essa separação corpo e mente, isso é uma
coisa muito antiga, isso é uma dicotomia bem anos 70, de que nós temos
um corpo, nós temos uma mente, nós temos um bíceps, nós temos um
pescoço. Não, nós temos um corpo e a gente não consegue isolar um bíceps
totalmente. A gente não consegue isolar um tríceps totalmente. Ele está
integrado em um sistema. Quando a gente mexe um tríceps, a gente mexe
outras coisas. Quando a gente mexe um bíceps, a gente mexe outras coisas.
Isso me faz lembrar um pouquinho outro jargão que está na moda que eu
vejo algumas pessoas usando, que para fins didáticos é muito bom usar.
E eu uso, eu simplifico bastante e, às vezes, eu dou uma rasurada na ciência
mesmo para que o entendimento fique um pouquinho mais palpável. Mas eu
vejo as pessoas falando "A gente tem que entender que os seres humanos"
"tem um cérebro no estômago ou um cérebro no coração." Em qualquer parte
do corpo, mas, geralmente, as pessoas estão usando isso com cérebro no
estômago, cérebro no coração. Mas o que quer dizer esse cérebro no
coração, esse cérebro no estômago? Quer dizer que há uma comunicação
neural que o estômago também manda mensagens para o cérebro, que eles
estão constantemente se comunicando. Mas não é o cérebro. O nome disso
é sistema nervoso central. Nós temos um sistema nervoso central e esse
sistema nervoso está espalhado e se comunica com o corpo inteiro. Ou seja,
já ficou claro né, não existem vários cérebros, existe um sistema nervoso,
nós somos um. É gente, a gente chegou ao fim desse episódio que foi um
emaranhado, uma confusão das ideias estão no meu consciente e
subconsciente nesse momento da minha vida. Provavelmente, daqui a três
meses, algumas respostas vão ter sido mais esclarecidas para mim, outras
dúvidas e outras perguntas melhores vão estar sendo feitas aqui no meu
palacinho mental. Eu queria fechar com uma frase... É uma frase de um
professor de dança, eu fiz alguns workshops com ele. Ele é um sueco
chamado Rasmus Ölme. Se eu não me engano, ele dá aula na universidade
lá. Ele é um PhD, ele tem o doutorado dele e essa frase eu acho que está na
tese de doutorado dele. Ela é uma frase que eu tenho muito carinho, que eu
já citei em diversos aulões aqui para meus alunos então alguns de vocês vão
ouvir ela pela segunda, terceira ou quarta vez e alguns de vocês ouvintes vão
ouvir pela primeira vez. Ela é uma frase que já tem um significado muito forte
e bonito por si só e eu vou fechar com ela. "O corpo não está aqui para ser"
"treinado, ou para algum truque específico ou para ser entendido. Ele está"
"aqui para que a gente possa mergulhar nele. O corpo não é uma ferramenta"
"para a nossa mente. O corpo é uma arma de construção em massa."
Valeu galera, meu nome é Rodrigo Salulima. Foi um prazer estar com vocês
aqui mais uma vez e a gente se encontra. Um abraço.
Podcast Transcript in English
One more Pratique Movimento’s podcast starting.
I’m Rodrigo Salulima. This time, we’ll talk a little about
varied themes. "Walk the walk." This expression that means,
more or less, walk your own path. And I will share with you
a little about my path, a little about my journey
and where I am right now with my practice.
♪ Music ♪
Good evening for nocturnal people and good day for diurnal people.
I won’t say the rest otherwise I will scare all of you.
This time, I wil speak a little about me, about Rodrigo Salulima.
During the first episode, I spoke about my history, about how I arrived
here. Now, it will be more about where I’m at this walk,
what are my thoughts, my doubts, my reflections,
my dreams and current wants. We will talk a lot about
walking your own path, "walk the walk", we will talk
a little about injuries, answer students’ questions, talk
about movement, about life and all these relations.
"Walk the walk." What does it mean? I’ve thought about it because it is an
expression, a jargon in English that we don’t use a lot here. Maybe
having skin in the game, walking your own path, something like that can
help us to find some direction. To me, in terms of my
path as a professional, as a human being, as a
homo sapiens that wants to evolve, that wants to live the life and not be just
dead weight on Earth, it has a very big meaning.
Because we live in a world of false knowledge, false in the sense that,
maybe, the biggest value is in showing that you know something online,
at workshops, wherever it is, than in really living that certain something.
I have a little of that, better yet, everyone has a little of
impostor syndrome. I think that impostor syndrome is healthy
to a certain point. If you use it healthily, you know that
a small drop of doubt exists at your subconscious mind that
makes you think "Am I really capable of leading a community,"
"of being a company’s manager, of finishing a master’s degree,"
"a doctor’s degree?" So, this doubt isn’t necessarily bad.
Bad and good are what we do with it. If we use it as
fuel to move ahead, to be better, to go after
our dreams, our challenges, then yes, impostor syndrome can be
something positive. If it is a syndrome that paralyses us, then it becomes
something that will be deleterious, will be bad, will cause harm to our being,
to our life. And I go further, if working with the body already increases a lot
the need to live the practical side to your studies, imagine
working with the body under the perspective that we work with here at
Pratique Movimento's school, which is a new perspective, a way of
facing physicality, it is a different, broader,
more complex way that integrates different intelligences, different areas of
knowledge. It is a new and big physical culture that is emerging, it is
emerging during the last ten, fifteen years. So, I believe that
in twenty, thirty years, being optimistic, maybe, it will already be
established socially, in people’s heads. Living the practical side is
almost a need. It is a prerequisite when we’re talking about
movement practice. Maybe in the future, it won’t be. Maybe when they are
older, I don’t believe it will happen, but it is possible
that some teachers won’t be able to make certain movements.
The same movements, they definitely won’t. I think that, speaking of, it is
important that we speak a little about this here, that we need a
practice that we can grow old with. I’ve thought a lot about
it, I don’t have the pretension, I don’t have the illusion of thinking that I will
grow old making the same movements, having the same practice that I
have currently. But I think the practice will evolve with me. That’s why
I say that our practice has longevity. Our practice
brings sustainability to the body. We will grow old, our body will
change, our head will change, our needs will change and our practice
will change together. The modularity, the capacity of adaptation present
in the movement practice in the context we exercise here at our school,
are one of best advantages. We adapt
to what comes. But if we’re young, healthy, if we have a high level of
energy, will, time, why not practice obsessively if that is
what you want in life. It isn’t for everybody, very important to say that here,
it isn’t for everybody, it shouldn’t be, nothing should be for everybody, we
need a lot of clarity when choosing our path, but some people don’t
want to be only practitioners, they want to be teachers, professionals,
or, sometimes, people don’t want to be lightweight practitioners, practicing
only three, four, five times a week, they want to be more radical practitioners,
more intense. That’s alright, make your choices but live the practice. Study,
search the theory, that’s very important, we’ll talk a little about
theory here. But live the practice. Sometimes, people ask me
"I’m thinking about working with movement, I want to teach movement,"
"do you have any advice to me?" I do. Practice, practice, practice and think
about what you’re practicing, write about it, go back, practice something new,
practice something old and like that we make our movement encyclopedia
thicker. There’s something that I find very interesting about
theory and practice, that the movement’s practical side helps us understand
theoretical side. I am sure, the other way is also true. But, as an example, if
I’m walking on the street and something happens, I jump scared of
a loud noise of two cars crashing into each other. My body will have a
reaction. At the time, I won’t think about what is happening. We can't
analyse simultaneously what is happening. But, soon
after the event is over, I think "Wow, my shoulders rose."
Why did my shoulders rise? Maybe it is a protection mechanism to
protect the cranium, body’s most important part. My heartbeat
got faster. Why did my heart beat get faster? Fight, flight
or freeze, which are living beings’ three answers to
stressful events. And then we can analyse it retrospectively
and we think "Blood flow got faster, heartbeat got faster,"
"that happened to my blood vessels, my muscles got an increased"
"blood flow, ready to act." And we feel that at the time and it gets easier
to illustrate something that maybe you only read in theory. And the journey
to walk you own path? Should it be done alone or
should you ask for help? I, considering my history, believe that we
should, definitely, find good teachers. I believe in mentoring, I believe in
mentors, I believe in inspiration, in asking for help, in people that already got
the terrain ready, that already walked a little and that will help me
be guided down the same path. I had a teacher once that said
"If you can’t find a good mentor, pay for it. But find a good"
"mentor." Mentors prepare the terrain. I think that Pratique
Movimento, nowadays, is preparing the terrain for other movement
schools in Brazil and in the world so they can walk a similar path. I
hope I can, in the future, help people that I connected, that I can connect
with their work, their missions, their values and help these people,
these schools, these other businesses walk their path. So,
my opinion is that, yes, we do need great teachers. That doesn’t
mean we can’t develop as autodidacts. I know
people in the market, in the movement culture that are examples of
autodidacts to me, that are searching for the information,
really sifting for it, I think it is a better verb for what
they do. Because it is available, there is a lot of information, but it is
hidden under rocks, under stones, under mud and other surfaces.
So, these people are sifting. I sifted a lot and I continue
sifting, yes, but today I’m trying to potentialize more and more
my process and learn how to learn better. And hiring, searching for,
talking with who knows better about a specific subject. I think that one
of my best qualities, one of my biggest signs of intelligence, because
everyone has their own intelligence. Saying that someone is intelligent, isn't
intelligent...Intelligent in what way? Not intelligent in what way? Everyone has
their intelligences. I think that one of my best intelligences is
recognizing other people’s intelligences, recognizing intelligences that
can help me in my own path. So, when I find
a good teacher, I want to stay close, I want to learn and it doesn’t matter
a lot what they are teaching. If it makes sense to me, if that person
inspires me, sometimes I want to speak like them, sometimes I want
to learn how to express myself, to use words, to find synonyms.
Recently, I found a teacher, Luciana Martuchelli, who teaches
artists, communicators and she speaks in a way that is delightful and it
makes me want to learn with her, makes me want to be a little like her.
I think that at the start of the journey, when we are more insecure,
people are afraid of copying teachers, afraid of copying them too much
and losing their own identity. I lost that fear long ago.
I had that fear, I did, I had that fear of "Am I only just"
"a copy of that person? Am I just dancing"
"like this because I learned with my teacher that this is the way"
"to dance? What if I become that person and forget who is"
"Rodrigo?" I think that is impossible because we drink from that
knowledge, we absorb it, it becomes us and Rodrigo won’t stop
being Rodrigo, so we will never become someone else. We don’t need to
fear losing our own identity. We will simply
add, add abundance, we will absorb
intelligences, knowledge and abilities from people we meet
along the path. I am speaking with you and ideas start popping in my
head, so I am just letting them out. At the same time, to go searching
for good teachers can’t become something bad. It’s always a very delicate
balance before turning into a compulsive workshops and experiences
hunter. I see that a lot in my area but I suspect it occurs in every area
of knowledge. Sometimes, we want to participate in a different workshop
every weekend, a different experience, a different course,
to hire a private teacher, thinking that they will be the salvation,
thinking that they will give you the secret success pill, whatever
success means to you. Guys, there isn’t a success pill. There is hard work,
there is effort, considerations, studies, reflections, forgetting everything
for a while, doing other activities, going back to the first activity but with
another level of understanding and with different experiences in your
baggage. So, I think that this illusion of searching for experiences is another
vice present in our society that is addicted in dopamine release,
the neurotransmitter at the reward system. We are all the time
searching for rewards, all the time rolling down the
Instagram feed waiting for the news that will change our lives.
We want to find that perfect parking spot at the supermarket, special and
just for us. When we find it, automatically, the brain
sends a dopamine flow to our body and we feel good
about it. So, we need, often, a little dopamine
detox. And choosing different
activities, jumping from branch to branch, it can mean, if it is not with
clarity, if it is not from a place of choosing with discernment, a vice in the
feeling of the new. It can be something that releases that dopamine, that
makes our body dependent on it. But if it is done with clarity... Right
now, I am in need of developing the expression pillar
and I got to know a teacher here in Brasilia that teaches dance, I know that
he is a great teacher, I know that he can pass his knowledge ahead
in an interesting way, so I will seek it. Recently, I met
Henrique Bianchini, in São Paulo, that teaches urban dancing. It never was
an interest of mine, urban dancing, but the way that he passes ahead the
knowledge, the amount of stuff that I have to learn with him about the pre
dancing, I think like that. He also teaches a lot about that layer
that precedes the dancing and, here, we teach a lot about the layer that
precedes the movement. Maybe, that was one of the reasons that I got
enchanted by him. Not to mention the fact that he is a great teacher, an
example to me of teaching method. So, making it short, I think that the
lesson that stays is that jumping from branch to branch, with clarity about
which branch you will grab, it can be something positive. I remember friends
of mine that used to joke about me, since my
adolescence, asking "So, what is up right now? What are you"
"doing right now?" Because I was always searching something new, maybe
not with the clarity that I have today. But I learned and, thankfully, I found a
practice and an area of study that gives me this possibility because
movement includes all spheres of human movement and not human
also, animal world, why not, I can have different interests
throughout the year and these interests aren’t loose, they aren’t
disconnected, they are connected with only one center. They are
connected with the movement practice that will focus on the essence, on the
principles, on the connection points between these different modalities and
subjects and aspects. Changing the subject and position a little
because I can’t stay seated anymore, I wanted to talk about this, about the
need of working, of doing different daily activities, in
different positions. And that has a lot to do with injuries, which is a big
topic, I want to talk a little about this topic here with you today.
For those listening, you didn’t see me changing position. On YouTube,
there is footage. Speaking of, there is the podcast with teacher André Lima,
Deco, from Pratique Movimento’s school. We did part one and part
two. On part two, because I was sitting for such a long time, if you
want to watch the video on YouTube, you will see how many times I changed
positions. I can’t and don’t think it is healthy to stay too much
time in the same position. That is a principle of Moshé
Feldenkrais. He said that we should do daily activities,
routine activities in different positions. Since the beginning I encourage
my students to do that when they start here. Since the beginning I
encourage my students to do that when they start their journey here at the
school. As an example, if you’ll work with your notebook at home, do
something fast, answer emails, do it on the ground, sit on the ground with
open legs. If you are too long with crossed legs, kneel down. That total
flexion of knees, that compression, sometimes people say it isn’t
healthy because it hurts. No, it isn’t that the position hurts, it hurts because
not enough time was spent daily in that position, the body starts to get weak
in it. So, the logic is inverted. By not staying in different positions, they start
to hurt you. If you stayed more in these positions, you would have a healthier
body. And injuries, these days, became a study field by itself.
We have conferences and courses about pain. Pain is a word that brings
a lot with it. Pain and existence are inseparable. When we are
born, we are born into a moment of pain. The mother is feeling a lot of pain.
Probably, the baby too. However, between pain and lack of it, there are
infinite levels. We don’t have receptors for pain in our bodies. We
have receptors for sensations. And, sometimes, it is very common that we
start to call any sensation by pain because there is a lack of vocabulary.
We know that words are not enough many times to reflect
something in our existence, something from the real and natural world,
from the world we live in. I see that within the movement practice
we must create words to make analogies, must use words...
use foreign words, words from other countries to help trying to
express and exemplify things that aren’t palpable, things that we can only
feel. So, pain and injuries aren’t something that we need to run from.
Escaping injuries is the same as escaping stomach-aches. We think we will
never get it, think it will never happen, but someday it will. So, it’s okay. There
isn't a way of avoiding pain and injury. But does that mean that we have to let
destiny run its course and just observe time eating away our body and
increasing the chance and gravity of these injuries? No. These days,
we have enough knowledge to reduce risks and increase
our body longevity. We must and can build a more resilient
system, or even better, using the word created by Nicholas Nassim Taleb, an
antifragile system. He says that the opposite of weak isn’t strong, the
opposite of weak is antifragile. He says that the opposite of fragile isn’t
strong, the opposite of fragile is antifragile. Because fragile answers
exaggeratedly to negative stimuli and it deteriorates too easily, it loses
properties, it becomes even weaker with these stimuli, with chaotic stimuli.
Not the antifragile. They are things that benefit from the chaos, with that
unpredictability. To be thrown in a dish washing machine, to be thrown
from one side to the other, to be shaken and to leave it even stronger. That is
our body. We tend to think it will respond negatively to
certain stimuli, to leave the so called standard movements.
The body doesn’t know what a standard movement is. The body is
organic, is free. And if we get the dose, the resting intervals,
how we increase the intensity and the volume right, we can
benefit from the chaos. We can make our system more
antifragile. And this concept permeates a lot the way we face
physical training here at our school, strength training. We do
work within the basic principles of strength training, power
training, resistance strength, mobility training. But we have
a large category here that we call it preventives, they are the famous
injury preventives. We are preventing things... We are preventing
movements, actions, angles that can cause any kind of injury in the
future. How do we do it? Maybe even getting close to these
angles, these movements. And how do we do it? How do
we prevent these injuries? No need to invent too much. If we
work our muscle groups, if we throw ourselves into playful environments,
if we use our body, many times that is enough. Our body
is an intelligent system. It is a system that is always moving
towards healing, towards efficiency. So, if we give it the correct
stimuli, the necessary recovery time, it will become more
antifragile, it will become stronger, more resilient. Besides working
with the basic strength training and exercises, mainly
multiarticular exercises, and squatting and etc, we also work with some
exercises from the physiotherapy world that are used, sometimes, to recover
from a surgery or a specific injury. With the difference that we do it
before getting hurt. Sometimes, we use many exercises from
the physiotherapy world as a way to prevent possible injuries. So,
we use overload principles just like if we were
doing a pull up, just like we were doing a
squat, a deadlift. We will, as the time passes,
increasing the load gradually and strengthening the
accessory muscles, the body stabilizers. I think there is
famous saying that exemplifies very well what we do here, which is
"No one can fire a cannon on top a canoe." What does it
mean? The canoe is the structure, is your body. The cannon can be any
body part that you will use in any specific task. Let’s
say the cannon is your arm and you will play tennis, you will hit a serve,
when we apply a lot of strength. If we have the strength of a cannon
in our arm but the structure of a canoe, the canoe won’t support that shot
and some part, the weakest link, will break. It can be the shoulder,
the elbow, the wrist in this specific case. So we strengthen a lot
the body stabilizers, the brakes, the body braking system,
the accessory muscles, that is a term that we use a lot
here, complementary exercises, accessory exercises. So, after a
beautiful movement session, maybe two, three hours, we will at the end
do a little of these accessory exercises, these preventives.
Again, it is nice to say it again, no need to invent too much. If we are doing
the main exercises, heavily studied by the physical training
world, probably, your body will adapt positively to live
an active life, an athletic life where you can really throw yourself into
different scenarios and play. But, at some specific moments, we
need to look a little for the weaknesses, look for that injury that is
about to happen. To have this sensibility, it’s something that I see that
students here learn more and more and I learn a lot, to have that
sensibility of noticing "Damn, I am at the fifth week of a six weeks"
"cycle, which is how we divide our training here, and on the"
"fifth week I am starting to feel small signs that my elbow"
"will get swollen. What can I do?" I can decrease a
a little the volume of activities that are stressing my
elbow and I can increase a little the volume on the accessory
muscles of complementary exercises, of preventive
exercises and with them getting more longevity and decreasing the chance of
a possible injury. It is not uncommon for us to get many thanks
here from students that escaped a surgery that, sometimes, was already
scheduled or, maybe, imagine how many surgeries weren’t even
scheduled, how many thanks weren’t said because these surgeries
didn’t happen. Because I’m sure that many people here were
walking towards chronic problems, people that got here with a small low
back pain, a small pain on the shoulder and these pains start to disappear. It
isn't that we worked directly with these injuries, but just because these people
started a physical, complex and diverse practice, really diverse practice...
I said on one of the podcasts here that we did a phrase from
Josef Frucek, "Diversity brings immunity." So it’s in this sense that because
we have a diverse practice, we make our body more immune to
the possible bad weather of the planet, planet in the sense of the world,
of the world we live in, to the possible bad weather of our society,
of the environments we will participate, of the tasks we will do,
of the activities will try to do. Injury is a very large field,
like I said, we could do an entire episode here only about it, but I
don’t to stay on one theme here, so I just wanted to say that I went through
many, I don’t like to call them big injuries, I think there are
people that went through worst, more complex to deal with injuries, but
I had my big inflammations, ligaments tears and I always,
since the beginning, treated them with movement. I believe in the cure with
movement. I think the body is very intelligent, it is always
moving towards the cure, like I already said here. As an example, a
dog when its paw is hurt, it doesn’t get a cast and stays without
using the paw. The dog, over time, starts to... Firstly it raises the paw,
then, before touching it on the ground, the dog starts to use the coxofemoral
joint and move. After, it starts to apply a little load on the ground
and it starts to apply more and more until it goes back to its normal gait.
Therefore, the dog needs to show its body that it will continue to use
that paw. So, it is very important for us to give this message. Maybe,
we can’t work directly on the part that is hurt
and injured, but we can work around it, we
can work really close to it. I like to say that we should give a little kiss
on the pain. Give a little kiss but don’t stick your finger in the injury. What
does that mean? It means that, sometimes, we hurt the shoulder and we will
make a movement that needs a shoulder elevation above the head
line. If you go over it, you will feel a fine pain, an
acute pain, maybe, you will making it hard for the body... And you, maybe,
feeling that fine pain, that acute pain, you will make it hard for the body to
reduce the inflammation, you will start the inflammation process all over
again. So, you don’t stick your finger in it but you can move until almost
getting to that pain. You will arrive on the border, on that line, give a little
kiss on the pain and go back. Sometimes, you will work around the injury, will
make other shoulder movements or use the subsequent joint,
the elbow, or, maybe, the neck that is also very connected
to the shoulder and will work those muscles around that injured area so it
can receive stimuli and the body can understand "Okay, this man,"
"this woman, they won’t stop, they will continue moving. So, let me speed up"
"my recovery process here, let me strengthen this area, let me"
"create new connections, let the vessels dilate, let me remove this"
"stuck inflammation, let me send more nutrients to the area."
And then, like I said, the body will move towards the cure. To close
our injury talk, before we jump to other subjects, I
think that we should be a little careful with routines.
When we have an already established routine and do only it,
notice that I said only it, because the problem isn’t the routines,
I respect a lot people that have a movement routine and
stick to it for the rest of their life, but, maybe, if we do only one routine
we lose sensibility a little. The body will be totally adapted to
that routine. So, our receptors, our sensors won’t be really
open to perceive if there is something wrong because
you are already ultra-trained with those specific movements. That, maybe,
has become a disease of some areas, some spheres of
movement, of people that say that work with movement but
don’t work with movement, they work with a small part of what
movement means. Maybe that injury prevention part or
great amplitude recovery and, sometimes, people dedicate one
hour, one hour and a half, two hours of their day to do those
accessory exercises and try to gain more external rotation angle
on their hips, as an example. But they aren’t using that external rotation
for anything. Here is the opposite, we use it a lot, we throw ourselves into the
chaos. Chaos is a very important word. From time to time and,
if possible, daily, it is what we try to do here as movement practitioners,
we throw ourselves into unpredictable and chaotic environments.
Sometimes, we use chaos with a negative meaning but chaos is life,
chaos is reorganization and the body needs these chaotic stimuli so it
can remain young, so it can remain active, so it can always create new
connections. Therefore, careful with routines. If you are doing the same thing
for too long, maybe it is your ego that is keeping you there
"I’m good at this routine, now I’m level 32 at this routine from”
practice X." But so what? Where will it take you? Are you using your body
for really utilitarian or functional or expressive activities? And here,
I say functional in the sense of giving a function, not in the sense
of functional training that became another current industry that is
a little confused in terms of terminology, of which product it’s
offering. I know a lot of serious people, a lot of great people, but
I know confused people just like there are in any field, movement
field, dancing field. We are here to try and clarify these
things. And from injury, we can go to a common theme, a sibling
theme, which is the functioning of body structures and how it
matters to a movement teacher or for movement
practitioners that have their life, that have their job, which is the case
for most of our listeners here that are Pratique Movimento’s students.
What I think is the following. If you’re a teacher, if you want to work with it,
I’ll be very clear. Stop everything you’re doing and go eat the books. Go
devour lectures, go devour articles, go pay for courses, go pay for
workshops, go make your own notes and go start your own research,
because it is very important that you have an extremely accurate,
ample, diverse and complex knowledge of functioning of body structures.
Having said that, careful, because I notice that, specially here in Brazil, it
became an inferiority complex. I notice a lot of great people on the internet
that are saying the right things, are saying important things to the
public, but are using extremely unreachable and difficult terms,
internal jargons, trying to show off, maybe, trying to appear more
intelligent than really is and many times there is no need, many times I
say "Damn, this person is already successful, already has many interesting"
"things to say, why are they choosing these terms instead of creating"
"more palpable analogies that are little closer to"
"reality, to the public." So, it isn’t that we shouldn’t use the correct words
from the terminology and scientific study and it isn’t that we aren’t
trusting the external public intelligence. We should
educate, but, sometimes, to educate we need simplicity and not trying
to show off, with this inferiority complex with which we use
more complex and harder words than it could be.
Therefore, I always try to use analogies, I always try to exemplify with,
sometimes, sounds, with gestures, with music. That is impressive,
how music is part of the movement study. I keep saying to
my students that every movement has its musicality. But this musicality
talk for movement we will leave to another episode, to
another talk opportunity. And I asked "And understanding the"
"functioning of the body structure for field professionals and for"
"common public?" For professionals I already answered, and for the common
public? To what point should you understand about structures, understand
the terms, know what is a hip abduction, an external shoulder rotation,
a body flexion? Well, to the point you want is the most honest
answer. If it is your area of interest, if you like, go for it because
the most interesting people that I know today, they fell in love
with an area and went in search for it and, sometimes, their life changed
because of it, because of this passion. So, if you like, go for it. If
you don’t like it, but like to practice movement, what about making
a little effort? Nothing much, nothing too heavy. But understanding,
asking your teachers from your practice "What is the name of this muscle?"
"Why do you say external rotation, internal rotation and not moving the"
"shoulder outside, inside?" I will even answer this question. Why
do we sometimes use terminology from anatomy, from biomechanics,
from kinesiology in some cases? We use it so we can define and
refine knowledge, so we can transmit knowledge in a
cleaner way, a better way, a clearer way and,
also, so students can learn. We use terms here like
contralateral and ipsilateral. Sometimes, students ask "But why don’t you"
"use opposite hands and feet?" Because, many times, contralateral and
ipsilateral aren’t related only to opposite limbs
touching the ground but also to forces that will be applied on your body. And
when we start to refine this kind of knowledge, we start to trust our
students, to trust you. So, we aren’t looking for people here
that are outsourcing their body to a teacher, which happens
many times and I’m not saying that... No, I’m not recriminating
people that go searching for a personal trainer just to talk, just to talk
about their problems. If that is what they need and they want it, they
are sure about it, great, because these days the social aspect is an
aspect that we have to give a lot of thought about. But, here, we
want to attract people that are also thinking in a different way about
movement, people that will also contribute in the future to the movement
studies, people that will educate, a teacher in a
strict sense and context, giving proper classes, or
a teacher at home, during the weekend, teaching their grandma, their
daughter, their son, their friend in the park. The other day, a student was
training here, two students were training here at a square in Brasilia, and a
young 18 years old man approached them and asked "What are the"
"biomechanical principles applied on this movement?" Then Kelvin, one of my
students, said "Dude, I don’t know how to answer you but you can train a"
"little with us." And then they did an entire movement session together right
there. But look how cool, look how cool, the type of person that was attracted
by these movements, the type of question he asked and the type of answer
that my student gave. And then, probably, that student that arrived there
curiously with a good question, maybe even a little contaminated by our
industry... Sometimes, new students get here and ask, it became a joke here
Pratique Movimento’s school, "What will this movement work"
"teacher?" Work the biceps, work the triceps, work the... We don’t talk
about it. Simply, all these parts are being worked
in a global way, in an integrated way. The body doesn’t know
what is a biceps. We have the separation mind and body, it’s a
very old thing, a dichotomy popular in the 70s, that we have
a body, we have a mind, we have a biceps, we have a
neck. No, we have a body and we can’t isolate a biceps
completely. We can’t isolate a triceps completely. It’s
integrated in a system. When we move a triceps, we move
other things. When we move a biceps, we move other things.
That reminds me a little of another jargon that is popular that I
hear people using, that for teaching is great to use.
And I use it, I simplify it a lot and, sometimes, I improvise with science
so that the understanding gets a little more palpable. But I
hear people saying "We have to understand that human beings"
"have a brain in their stomach or a brain in their heart." In any body
part, but, generally, people are using it with brain in their
stomach, brain in their heart. But what does it mean, this brain in the
heart, brain in stomach? It means there is a neural communication between
stomach and brain, stomach sends message to the brain, that they are
communicating constantly. But it isn’t a brain. The proper name
is central nervous system. We have one central nervous system and it is
all over the body and communicates with the whole body. In other words,
it’s already clear, there aren’t many brains, there is one nervous system,
we are one. Okay people, we have arrived at the end of this episode that was
a tangle, a confusion of ideas from my conscious and
subconscious mind at this moment in my life. Probably, in three
months, some answers will be clearer to me, other
doubts and other better questions will be created here in my
little mental palace. I want to close with a phrase... It’s a phrase from a
dancing teacher, I have done some workshops with him. He is a Swedish
called Rasmus Ölme. If I am not mistaken, he teaches at the university
over there. He is a PhD, has his doctorate and this phrase, I think, is in
his doctorate thesis. It’s a phrase that I cherish a lot, that I have
said many times during classes here to my students so some of you will
hear it for the second, third or fourth time and some of you listeners will
hear it for the first time. It’s a phrase with a very strong and beautiful
meaning by itself and I will close with it. "The body isn’t here to be"
"trained, or to perform a specific trick or to be understood. It’s here"
"so we can dive in it. The body isn’t a tool"
"for the mind. The body is a weapon of mass construction."
Thanks guys, my name is Rodrigo Salulima. It was a pleasure being here with
you one more time and we will meet again. A big hug.
♪ Music ♪
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